segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O Que É Um Santo?

Por que será que a Igreja Católica inclui em seu calendário a solenidade de todos os santos? Ou, por que o credo apostólico inclui “a comunhão dos santos” como um dos 12 itens essenciais de nossa fé? Porque, como disse Charles Peguy: “A vida possui apenas uma tragédia, ultimamente: não ter sido santo”.

Os santos não são exceções nem loucos. São modelos para cada um de nós seres humanos. No sentido bíblico da palavra, todos os crentes são santos. “Santidade” significa sagrado. Todos os homens, mulheres e crianças, nascidos e não-nascidos, bonitos ou feios, hetero ou gay, são santos, pois todos carregam a imagem de Deus.

Santos não são o oposto de pecadores. Na realidade não existe o oposto de pecador neste mundo. Existe somente pecadores salvos e pecadores não salvos. Então, santo não quer dizer sem pecado, mas, separado deste mundo, chamado a ter como destino o êxtase eterno junto de Deus.

O que é um Santo? Primeiramente, aquele que reconhece ser pecador. Um santo conhece todas as boas novas, tanto do pecado quanto da salvação. Um santo é um cientista, um filósofo.

Um santo reconhece a verdade. Um santo é um vidente, aquele que vê o que está lá. Um santo é um realista.

Um santo é também um idealista. Um santo abraça o sofrimento heróico por amor heróico. Um santo também abraça a alegria heróica. (Isso é um dos critérios para a canonização, o santo deve ser alegre).

Um santo é um servo de Cristo. Um santo é também um conquistador maior que Alexandre, que somente conquistou o mundo. O santo conquista a si mesmo. De que vale ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua própria vida?

Um santo é aquele que pode dizer como São Paulo: “Falo assim não por causa das privações, pois aprendi a adaptar-me às necessidades; sei viver modestamente, e sei também como haver-me na abundância; estou acostumado com toda e qualquer situação: viver saciado e passar fome; ter abundância e sofrer necessidade.” - Fl 4, 11-12. Um santo casa com Deus “na riqueza ou na pobreza, na saúde ou na doença, no melhor ou no pior, até a morte”. Um santo é também tão determinado, tão teimoso, que prefere morrer ao comprometer a verdade, e escreverá o credo na areia com seu próprio sangue ao morrer (existe um santo que realmente fez isso).

Um santo é inimigo jurado deste mundo, da carne e do demônio. Ele está trancado em um combate mortal com os principados e potestades. Um santo é também um amigo e amante do mundo. Ele beija o mundo ferido pelo pecado com os lábios ternos de Deus (Jo 3, 16). Um santo declara a guerra de Deus contra este mundo, levando a cruz as terras inimigas e aprofundando-a como uma espada, um punho do céu. E ao mesmo tempo, ele estende seus braços neste própria cruz, dizendo: “Vê? Este é o tamanho do meu amor por você!”

Um santo é a esposa de Cristo, totalmente ligado, fiel e dependente. Um santo é também totalmente independente, e desligados dos ídolos e de outros maridos. Um santo trabalha ao lado desses outros – dinheiro, prazer, poder – da mesma forma que uma mulher casada trabalha com outros homens, mas não irá casar com eles ou flertar.

Um santo é maior do que qualquer outro neste mundo. Um verdadeiro escalador de montanhas. Um santo é também o menor neste mundo. Como a água, ele flui para os lugares mais baixos – como Calcutá.

Um santo tem o coração partido por cada pecado e tristeza. O coração de um santo é também tão forte que nem a morte pode parti-lo. Um santo tira suas mãos do volante de sua vida e deixa Deus conduzi-lá. Isso é assustador, já que Deus é invisível. Um santo também possui mãos que movem o mundo, e pés que se movem pelo mundo com passos certos.

Um santo não deixa que os outros brinquem de Deus com ele. Um santo aceita as ordens do General e não dos soldados. Um santo também não brinca de Deus com os outros.

Um santo é um pequeno Cristo. Não só vemos Cristo através de Seus santos, como vemos a luz através de um vitral, mas também entendemos os santos somente através de Cristo, tal como entendemos os ovos somente através das galinhas.

Os santos são nossa família. Nos somos um só corpo. Eles são nossas pernas e nós as deles. Essa é a razão pela qual fazemos da festa deles a nossa festa. Como Pascal disse: “Os exemplos de mortes nobres como as dos Espartanos, raramente nos afeta... mas, os exemplo das morte dos mártires nos afeta, pois, eles são nossos membros... não nos tornamos ricos vendo um rico estranho, mas vendo um pai ou um marido rico”.

Nos tornamos santos não apenas por pensar em ser santo, e certamente também, não por escrever sobre isso, mas somente fazendo. Chegará um tempo em que a pergunta “Como?” se ausentará, e passaremos apenas a fazer. Se alguém que amamos bate a nossa porta para entrar, será que pensaríamos como a porta funciona e como devo mexer meus músculos para abri-lá?

Francisco de Assis disse uma vez aos seus monges que se eles se encontrassem na visão beatífica de Deus, e um mendigo batesse a porta a procura de um copo de água, deixar a visão beatífica e voltar-se para o mendigo seria o verdadeiro céu, enquanto deixar o mendigo para permanecer nesta visão seria dizer não a face de Deus.

Um santo é aquele que vê quem é este mendigo: Jesus. 

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