quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Maria

Nesta solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, resolvi escrever sobre Ela, sobre a Mãe de Deus: Maria. Para compreendermos Maria devemos compreender seu Filho, que é Jesus Cristo a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Tudo que Maria é, vem do fato dela ser a Mãe de Jesus.

O Filho que Escolheu sua Mãe

Theotokos, disse o Concilio de Éfeso no ano de 431; o que significa que Maria é verdadeiramente a Mãe de Deus! Ela gerou o filho de Deus, o qual possui natureza divina, e que existiu desde toda a eternidade. Contudo, a natureza humana de Jesus foi herdada de Maria, assim como herdamos a nossa natureza humana de nossas próprias mães. Jesus existiu desde toda a eternidade, mas, entrou na humanidade em um determinado ponto do tempo, e o fez através de Maria. 

Alguns dizem que Maria é mãe somente da natureza humana de Jesus, contudo, naturezas não possuem "mães". Maria foi a mãe da pessoa de Jesus, assim como a sua e a minha mãe, é mãe da sua e da minha pessoa. E a pessoa de quem Maria foi a Mãe, era o Filho de Deus. Muitas mentes religiosas, pensam em Maria como uma distração, para elas toda a criação é uma distração do Absoluto, que é Deus. Contudo, o próprio Deus não pensa assim, o Filho de Deus morreu por suas criaturas; por elas o Pai não poupou seu próprio Filho (Rm 8, 33-34).

Alguns dizem: "Eu respeito Maria da mesma forma que respeito a minha própria Mãe." Por um acaso você é Deus? O Filho de Maria é Deus! Existe uma grande diferença em ser a mãe de Deus, e ser a mãe de um simples homem. Vamos começar pelo fato de Jesus existir antes de sua mãe, ou seja, Jesus foi o único capaz de escolher quem seria a sua mãe; e podendo escolher, Ele certamente quis o que todo filho quer: uma Mãe que melhor lhe convém. Além do mais, todo filho quer presentear a sua mãe, e Jesus sendo Deus, poderia presenteá-la com o que Ele quisesse, pois, seu poder é sem limites. E o que Maria quis sobretudo foi a união com Deus, a mais completa união possível entre a vontade humana e a vontade de Deus, e portanto, a graça em sua alma. Jesus sendo seu Filho, concedeu-a graças abundantes, e foi a resposta de Maria as graças de Deus, que a tornou suprema em santidade - maior até que o maior anjo que existe no céu. Ave Cheia de Graça (Lc 1, 28), "não porque deu a luz ao Filho de Deus, mas sim, por ouvir a Palavra de Deus e a guardar" - São João Crisóstomos.

Imaculada Conceição e Assunção

Devido ao fato de Jesus ser Deus, ele poderia presentear a sua mãe não só depois que ela nascesse, mas até mesmo antes. Esse é o sentido da doutrina da Imaculada Conceição. O dogma da Imaculada Conceição, refere-se a Jesus ter presenteado sua Mãe desde o primeiro momento de sua existência. Para todos nós, a concepção acontece quando Deus cria uma alma e a une com os elementos corporais no ventre de uma mãe. No momento em que Deus criou a alma de Maria, ele a encheu não somente de vida natural (como acontece com todos nós), mas também com vida sobrenatural. Isso significa que aquela a quem Deus escolheu para ser a sua Mãe, nunca existiu, nem sequer por um instante, sem graça santificante em sua alma.

Mas, se Maria sempre teve graça santificante em sua alma, como explicar suas palavras no Magnificat: "Minha alma glorifica ao Senhor, meu espirito exulta de alegria em Deus, meu Salvador" (Lc 1, 46-47). Salvar os homens do pecado é um ato de grande misericórdia da parte de Deus, contudo, proteger essa mulher de nunca ter pecado, é um ato de misericórdia ainda maior. Não somente isso. Mesmo Maria sendo imaculada e possuída pela graça de Deus a todo instante, Maria fazia parte da raça humana, uma raça a qual o céu estava fechado. Foi o ato redentor de Cristo que abriu as portas do céu para Maria e para todos nós.

Cerca de cem anos após a definição do Dogma da Imaculada Conceição de Maria, foi definido o dogma da Assunção de Maria. O dogma da Assunção de Maria, significa que Maria foi levada aos céus de corpo e alma. Para os homens comuns, sempre existiu o pensamento de que Jesus iria querer sua Mãe junto a Ele no Céu, não somente a alma, mas também o corpo. Qualquer filho desejaria isso, e Jesus é o único filho capaz de tornar esse desejo realidade.

Nossa Mãe

"Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1, 38). Segundo os teólogos, através destas palavras Maria profere o consentimento da raça humana, dando o primeiro passo para a nossa redenção. Maria no céu representa a raça humana redimida, somente ela está (em corpo e alma), onde todos os salvos estarão um dia.

No Calvário, quando Jesus entrega a Maria o Apóstolo João para ser seu filho, Jesus não estava apenas fazendo uma provisão para Maria. Jesus não precisaria esperar até a sua morte para fazer isso, poderia ter feito antes da sua crucificação, ou depois da sua ressurreição. O Calvário foi o sacrifício de redenção da raça humana, tudo o que Cristo fez naquele momento está relacionado a isto. Fazia parte do plano redentor de Cristo, oferecer Maria para ser a mãe de João (não de João como pessoa, mas, como homem). A partir daquele momento, Maria tornou-se mãe de todos nós.

E o que é tipico de uma mãe se não o amor e a total disposição para servir? E é por isso que rezamos para Maria, o que significa que pedimos que a Nossa Mãe interceda por nós. Podemos pedir por todos os tipos de coisas, mas devemos pedir especialmente pela graça de Deus, que é a que mais lhe convém. São Pio X chamou Maria de "A primeira administradora na dispensação das graças". Na realidade todos nós somos chamados a sermos mais que recipientes da graça, mais que espectadores, somos chamados a sermos como Maria, administradores da graça de Deus. Entre as principais formas para podermos exercer o nosso chamado está: a oração (a Missa acima de tudo), o amor e o sofrimento. É claro que nada disso teria efeito se Cristo não tivesse morrido por nós, mas em união com o seu ato redentor, eles são de imenso poder. É por isso que São Paulo incentiva os convertidos a intercederem uns pelos os outros, precisamente porque existe um Mediador entre Deus e os homens (1Tm 2, 5). Em outras palavras, o fato de Jesus ser o Mediador não torna as nossos preces um pelos os outros desnecessárias, torna-as eficazes. Quanto maior a santidade da pessoa, maior poder possui a sua oração (Tg 5, 16). Com Cristo e em Cristo, somos todos chamados a tomarmos parte na redenção dos outros, mas, Maria acima de todos nós, pois ela foi imaculada, foi todo amor, e sofreu imensamente.

"Proclamaram-me bem-aventurada todas as gerações" (Lc 1, 49). Faça você também parte desta geração que dá a Santíssima Virgem o seu devido lugar na história redentora de Cristo, e homenageia sem cessar aquela escolhida para ser a Mãe de Deus.

Salve Maria,

[Traduzido e Adaptado de: Theology for Beginners, by Frank Sheed.]

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