sábado, 10 de dezembro de 2011

Sexo e Casamento: O Grande Mistério

Os ensinamentos da Igreja sobre o sexo e o casamente são boas novas, eles revelam como deve ser a vivência do amor verdadeiro, o único capaz de completar o coração humano. Contudo, os ensinamentos da Igreja sobre o sexo e o casamento são também um grande desafio, pois, o amor verdadeiro é sempre desafiador.

Eis o desafio: Nós precisamos encarar a realidade da nossa humanidade – a boa e a ruim – se quisermos descobrir o verdadeiro sentido da sexualidade humana. Inevitavelmente ela nos leva à cruz. Pois é Cristo, que mostrando-nos o verdadeiro amor, mostrou-nos o sentido da vida.

“Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 15,12). Essas palavras de Cristo resumem o sentido da vida e da sexualidade humana. Moralidade sexual significa expressar o amor de Deus com os nossos corpos. João Paulo II disse que se vivermos a nossa sexualidade de forma verdadeira, estaremos cumprindo com o próprio sentido do nosso ser e existir.

O contrário infelizmente também é verdadeiro. Se não vivermos de acordo com o verdadeiro sentido de nossa sexualidade, estaremos perdendo o próprio sentido do nosso ser e existir. Perdemos a verdadeira alegria, a verdadeira felicidade.

A Igreja nunca cessa de proclamar que Cristo veio ao mundo não somente para nos mostrar o sentido da vida, mas também, para dar-nos as graças necessárias para vencermos os nossos medos, as nossas feridas, o nosso egoísmo, e os nossos pecados, tornando-nos capazes de vivermos de acordo com os seus ensinamentos. O amor verdadeiro é possível. Essa é a promessa que a Igreja possui para nós em seus ensinamentos sobre o sexo e o casamento.

Mas, por que será que tantas pessoas não se dão bem, ou são contra esses ensinamentos? Quando a Igreja fala sobre os contraceptivos (“O quê? Vocês precisam atualizarem-se!”), divórcio e um novo casamento (“Como vocês são insensíveis!”), ordenar somente homens ao sacerdócio (“Prova positiva de que a Igreja oprime as mulheres.”), tais afirmações surgem das divergências de ideias sobre o sexo.

Por isso, é extremamente importante que chegamos a um entendimento claro e preciso sobre o que Deus nos revelou a cerca da sexualidade humana. Enquanto as opiniões populares dizem que a perspectiva Cristã sobre o sexo é negativa, o que nós encontramos refletindo nas Escrituras, é que o sexo no plano de Deus é incrivelmente mais do que qualquer ser humano possa imaginar. Somente a fé é capaz de acreditar no “grande mistério”.


O Lugar Central da Sexualidade no Plano de Deus

O sexo não é uma questão periférica. João Paulo II chega a dizer que dificilmente podemos entender o Cristianismo se não entendermos o verdadeiro sentido de nossa sexualidade.

Do começo ao fim, a Bíblia é uma história de casamento. Começando em Gênesis com o casamento de Adão e Eva, e terminando em Apocalipse com o “Casamento do Cordeiro” - o casamento de Cristo com a Igreja. Durante todo o Antigo Testamento o amor de Deus pelo seu povo é comparado ao amor de um marido por sua esposa. No Novo Testamento, Cristo vem como um Noivo Celestial para unir-se eternamente com a sua Noiva – conosco.

Analogicamente, podemos dizer que o plano de Deus desde toda a eternidade é casar-se conosco (veja: Os 2,18). Deus nos revela este plano criando-nos homem e mulher. Isso basicamente significa que tudo o que Deus quer nos revelar sobre quem Ele é, quem nós somos, qual o sentido da vida, a razão pela qual fomos criados, como devemos viver, e o nosso fim último, está de alguma forma contido no verdadeiro sentido de nossa sexualidade e do casamento. A seguir, iremos analisar mais profundamente estas coisas.


Homem e Mulher: Imagem da Trindade

Deus criou o homem e a mulher a sua imagem e semelhança (veja: Gn 1,27). O homem e a mulher juntos são capazes de tornar visível o mistério invisível de Deus. Esse mistério invisível é sumarizado muito bem por São João: “Deus é amor” (Jo 4,8). Não somente no sentido de que Ele nos ama, mas porque dentro Dele as três pessoas da Santíssima Trindade vivem uma eterna comunhão de amor.

O Pai, que desde toda a eternidade doa-se para o Filho. O Filho, (o “Amado do Pai”; Mt 3,17) que por sua vez recebe desde toda a eternamente este amor do Pai, e eternamente doa-se de volta a Ele. O amor que compartilham é o Espírito Santo, que procede eternamente do Pai e do Filho.

O homem e a mulher são chamados a amarem-se da mesma forma. O homem dispondo-se de si mesmo e fazendo-se um dom para a sua mulher. E a mulher dispondo-se de si mesma para receber em si o dom do homem, e também doando-se de volta para ele. Todo esse amor compartilhado pode gerar um novo ser, de acordo com a vontade de Deus.

Portanto, a relação sexual destina-se a ser um participação na própria vida e no amor de Deus. A relação sexual torna visível algo de invisível no mistério de Deus. Isso não quer dizer que Deus seja sexual, Deus é um Espírito puro no qual não há lugar para as diferença de sexos. O fato de nossa sexualidade revelar algo sobre a Trindade não quer dizer que a Trindade seja sexual. Deus não foi feito a nossa imagem, e sim nós a Sua. O mistério de Deus sempre estará infinitamente além do que qualquer analogia ou imagem humana.


Casamento: Sacramento de Deus e da Igreja

Os conjugues não somente refletem a imagem do amor que existe na Trindade, como também refletem a imagem do amor entre Deus e toda a humanidade, feito visível em Cristo e na Igreja. Pela virtude do batismo o casamento entre cristãos é um sacramento. Isso quer dizer que é um sinal vivo, que comunica e participa na união entre Cristo e a Igreja.

“Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe e se ligará a sua mulher, e serão ambos uma só carne. É grande esse mistério: refiro-me a relação entre Cristo e a sua Igreja” (Ef 5,3-32). Cristo deixou seu Pai no céu. Ele deixou a casa de sua mãe na terra – para dar seu corpo por sua Esposa, para que possamos nos tornar com Ele “uma só carne”.

Onde nos tornamos “uma só carne” com Cristo? Na Eucaristia. Quando recebemos o corpo do nosso Noivo Celestial dentro do nosso, como uma esposa, geramos nova vida – Que é a própria vida de Deus. Jesus disse, “Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós” (Jo 6,53).

Já que a comunhão em “uma só carne” entre o homem e a sua esposa prefigurou desde o principio a comunhão Eucarística entre Cristo e a Igreja, João Paulo II refere-se ao matrimônio como o “sacramento primordial”. Ou seja, é ele – mais do que qualquer outro – que nos prepara para entender o amor de Deus.


A Sexualidade Humana “No princípio”

Enquanto a primeira parte da história da criação refere-se objetivamente ao nosso chamado ao amor, a segunda parte refere-se subjetivamente a experiência dos nossos primeiros pais (Adão e Eva) a esse chamado.

“O Senhor formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida e o homem se tornou um ser vivente” (Gn 2,7). A palavra bíblica “sopro” em hebraico significa também “espírito”. Vale então lembrar, que o Espírito de Deus é o próprio amor entre Deus Pai e Deus Filho. Deus está soprando para dentro do homem o seu amor.

O homem ao receber esse amor de Deus, é chamado a doar-se de volta para Deus. É chamado também a compartilhar esse amor com os outros (veja: Mt 22,37-40). O Conselho Vaticano Segundo, apresenta isso da seguinte maneira: “O Homem, é a única criatura na terra que Deus quis para o seu próprio bem. [O Homem] não é capaz encontrar-se plenamente a não ser através da doação sincera de si mesmo.”


Não é Bom Estar Sozinho

“O Senhor Deus disse: Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada” (Gn 2,18). O que Deus quer dizer com isso é: “Irei fazer alguém que ele possa amar.”

Deus coloca Adão em um sono profundo, tira-lhe uma costela e desta costela forma a mulher. E ao acordar, Adão diz: “Eis agora aqui, o osso de meus ossos, e a carne de minha carne” (Gn 2,23). Depois de ter nomeado todos aqueles animais, Adão finalmente encontra alguém como ele, alguém que ele possa amar.

E é porque estavam nus que Adão percebe isso. Na nudez, eles descobrem aquilo que João Paulo II chama de “o significado conjugal do corpo”, que é, “o poder que o corpo possui de expressar o amor: mais precisamente o amor no qual a pessoa humana se torna um dom e – através desse dom – completa o seu sentido de ser e existir.”

Adão olha para si mesmo; olha para Eva; E então percebe essa profunda realidade: “Nós vamos juntos. Deus nos fez um para o outro. Eu posso me doar para ela, e ela pode se doar para mim, e nós podemos viver uma comunhão de amor que gera vida” – a imagem de Deus, o casamento.

Esse era o sentimento do desejo sexual como Deus o criou, e como eles vivenciaram: fazerem-se dom um para o outro à imagem de Deus. Essa é a razão pela qual estavam nus e não se envergonhavam (veja: Gn 2,25).


O Efeito do Pecado Original

Devido à “união em uma só carne” ser a revelação fundamental do próprio amor e vida de Deus, é nela que o diabo mais ataca, pois, ele quer nos privar de experimentar o amor e a vida de Deus.

Adão era livre para comer de todas as arvores do jardim a não ser da “árvore do conhecimento do bem e do mal”, pois, caso comesse morreria (veja: Gn 2,17). Deus sozinho sabe o que é melhor para nós, devemos confiar Nele, se seguirmos as nossas próprias vontades iremos morrer. É como querer colocar diesel num automóvel que funciona a gasolina, o fabricante do automóvel, qual o projetou por dentro e por fora, sabe o que é melhor para ele. Da mesma forma, quando Deus nos dá suas instruções de como devemos viver (mandamentos), Ele não esta tirando a nossa liberdade, mas nos ajudando a vivê-la mais perfeitamente. A verdadeira liberdade é aquela guiada pela verdade, “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,32).

Contudo, nós queremos ser donos da nossa vida, queremos ditar as regras, não nos importamos com o que Deus diz, não nos importamos com o que a Sua Igreja nos ensina. Somos tentados a fazer o que queremos. Se você reconhece isso em sua vida, essa tendência a ir contra a vontade de Deus, então, você reconhece que herdou o pecado original. Pois, como poderíamos duvidar de Deus? Duvidar de seu amor e sua providência?

Existe uma voz sedutora, a do Pai da Mentira, aquele que não suporta o fato da humanidade ter sido criada para compartilhar do próprio amor de Deus, e essa voz tenta constantemente nos convencer de que Deus não nos ama.

A serpente querendo colocar dúvida no coração da mulher diz: “Deus disse: Vós não podeis comer de todas as arvores do jardim?... Não, não morrereis! Deus sabe que, no dia em que dela comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como deuses, versados no bem e no mal.” (Gn 3,1-5). A implicação é: Deus não quer que vocês sejam como Ele; Deus está se escondendo de vocês; Deus não é amor; se vocês quiserem ser “como Deus”, terão que fazer isso por si mesmo. Contudo, a serpente quer vender algo que eles já possuem. Deus já os havia criado a sua imagem e semelhança (veja: Gn 1, 26).

Quando a mulher viu que a árvore era “boa ao apetite e formosa à vista”, ela tomou o fruto e o comeu. Ela deu a seu marido e ele também comeu. Então, seus olhos se abriram e eles perceberam que estavam nus, e então se cobriram (veja: Gn 3,6-7). O que aconteceu? Antes não sentiam vergonha e agora a sentem, Por quê? Deus sendo verdade não é capaz de mentir. Ele disse que se eles comessem do fruto morreriam, eles não caíram mortos no chão, mas, morreram espiritualmente. O Espírito que lhes foi dado “morreu”, e com ele a habilidade que tinham de amarrem-se a imagem de Deus como homem e mulher. Sem o Espírito, seus desejos sexuais ficaram invertidos, ficaram egoístas.

Adão e Eva deixaram de enxergar em seus corpos a revelação do plano de Deus para o amor. O que enxergam agora é um mero objeto a ser usado para a própria satisfação sexual. Dessa forma a experiência da nudez na presença do outro – e na de Deus – tornou-se uma experiência de medo, alienação, e vergonha: “Tive medo porque estou nu, e me escondi” (Gn 3, 10).

A vergonha não está conectada com o corpo em si, mas com a luxúria em seus corações. Pois, eles ainda sabem que Deus criou o homem para seu próprio bem, e que ele nunca deve ser visto como um objeto para o uso egoísta do outro. Sendo assim, o homem e a mulher cobrem seus corpos a fim de protegerem sua dignidade de olhares sensuais. Isso é de fato um ponto positivo da vergonha, pois ela serve para proteger o “significado conjugal do corpo”.


O Complemento Sexual Torna-se A Discórdia Sexual

Todas as diferenças que existem entre o homem e a mulher (emocional, mental, espiritual, e física) foram criadas por Deus para que um possa complementar o outro. Entretanto, devido ao pecado, essas diferenças são distorcidas e muitas vezes vividas como tensões, conflitos, e divisões.

Inicialmente, Adão recebe Eva como uma benção de Deus. Mas, depois do pecado, ele começa a culpá-la por todos seus problemas. Ele até mesmo culpa a Deus, dizendo: “A mulher que puseste junto a mim meu deu da árvore, e eu comi!” (Gn 3,12). É tudo culpa dela! Quantas vezes hoje em dia, os homens não culpam suas mulheres pelos seus próprios problemas?

Além disso, durante toda a história da humanidade, as mulheres sofreram muito por causa da dominância do homem sobre elas. “Teu desejo te impelirá ao teu marido e ele te dominará.” (Gn 3,16). Isto não era a intenção de Deus, mas foi o resultado do pecado.

Enquanto os homens usualmente dominam e manipulam as mulheres em busca de satisfação física, as mulheres usam de suas “artimanhas femininas” para também manipularem os homens em busca de satisfação emocional. Homens usam do amor para terem o sexo, mulheres usam do sexo para terem o amor.

Diante desta natureza caída do homem e da mulher, não existe quem seja melhor ou pior, ambas as visões são consideradas uma grande distorção ao amor sexual autêntico.


A Redenção de Nossa Sexualidade em Cristo

Cristo veio para restaurar a intenção original do amor no mundo. Essa é a boa nova do evangelho. Através de uma mudança constante de nossos corações, podemos experimentar a redenção da nossa sexualidade.

Foi para isso que Cristo nos chamou no sermão da montanha quando disse: “Todo aquele que olhar para uma mulher com desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela em seu coração” (Mt 5,28). Essas palavras se aplicam tanto aos homens quanto as mulheres. E para enfatizar a gravidade do pecado ele imediatamente diz: “Se teu olho direito te leva à queda, arranca-o... é melhor perderes um de seus membros do que todo corpo ser lançado ao inferno.” (Mt 5,29-30).

E agora o que vamos fazer? Se olharmos para a experiência comum da humanidade, irá parecer que todos nós estamos condenados por estas palavras de Cristo. Isso é verdade. Mas, devemos lembrar que Cristo veio ao mundo não para nos condenar, mas para nos salvar (veja: Jo 3,16-18).

Refletindo sobre estas palavras de Cristo, João Paulo II diz: “Será que devemos temer as palavras severas de Cristo, ou melhor, confiar em seu conteúdo salvífico, e em seu poder? O poder reside no fato de que o homem o qual profere estas palavras é “O Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29).

E como Ele faz isso? Fazendo-se na cruz um dom total, fiel, e fecundo para a sua Noiva, A Igreja. E mais uma vez soprando o Espirito sobre a humanidade (veja: Jo 20,22).

Parafraseando João Paulo II, a redenção, e a vida nova entraram na humanidade através do Novo Adão e da Nova Eva, Cristo e a Igreja. Logo após a queda de Adão e Eva, nos foi dado através de uma passagem bíblica conhecida como Protoevangelho (o primeiro anuncio do evangelho), uma visão desta redenção. Deus diz a serpente: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre tua descendência e a dela. Está te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3,15).

Jesus é o novo Adão, o descendente da “mulher” que dará o golpe fatal na cabeça da serpente. Como modelo de Noiva-Igreja, Maria representa a nova Eva. O “casamento” redentor de Cristo é prenunciado nas bodas de Caná (veja: Jo 2,1-11) e consumado na cruz no Calvário.

Quando Maria diz a Jesus que o vinho tinha acabado, Jesus diz: “Mulher, que é isso, para mim e para ti? A minha hora ainda não chegou” (Jo 2,4). Neste momento, Jesus já está se referindo a sua paixão.

A água transformada em vinho em Caná prefigura o sangue e a água que jorraram do lado de Jesus no Calvário (veja: Jo 19,34). São figuras do batismo e da Eucaristia, o sangue e a água simbolizam a própria vida de Deus que flui do lado do Novo Adão como sendo o nascimento da Nova Eva. E como o primeiro Adão, o Novo Adão chama-a de “mulher” (veja: Gn 2,23; Jo 19,26).

Diz os teólogos que a criação foi recapitulada, repetida, e resumida, no trabalho de Cristo. Homem e mulher nascem novamente. O amor perene de um para com o outro é reconstituído. (veja o quadro abaixo)


Primeiro Adão e Primeira Eva
Novo Adão e Nova Eva
Adão é colocado em um sono profundo
Cristo é colocado em um “sono profundo” na cruz
Eva nasce do seu lado
A Igreja nasce do seu lado no sangue e na água
Eva recebe a mensagem de Lúcifer para negar a vida de Deus
Maria recebe a mensagem do anjo Gabriel para receber a vida de Deus
A vida de Deus morre em Eva (em nós)
A vida de Deus é gerada em Maria (em nós)
Eles negaram o amor de Deus e tornaram-se incapazes de amarem os outros
Eles acreditaram no amor de Deus e tornaram-se capazes de amarem os outros
A união deles transmitiu o pecado original para toda a humanidade
A união deles trouxe vida nova e redenção para toda a humanidade

“A mulher” aos pés da cruz representa todos nós, homens e mulheres. Nós somos chamados a sermos a Esposa de Cristo. Quando Criso oferece seu corpo para nós, Ele está nos oferecendo uma “proposta matrimonial”. Tudo o que devemos fazer é dizer sim oferecendo também os nossos corpos – todo o nosso ser- de volta à Ele.

De fato, o Catecismo descreve o batismo como um “banho de núpcias” (CIC 1617). Quando nos unimos ao sacrifício de Cristo, somos purificados de nossos pecados (veja: Ef 5,26). Além disso, estando nós já unidos a Ele (ou casados) pelo batismo, quando recebemos o seu Corpo na Eucaristia, nós estamos consumando um casamento místico, e, como dito anteriormente, até mesmo concebendo em nós uma vida nova - vida no Espírito Santo.

Essa nova vida no Espirito Santo dá forças ao homem e a mulher para que sejam capazes de amarem um ao outro da mesmo forma a qual foram chamados no princípio. Através dos sacramentos nós somos capazes de conhecer e experimentar o poder transformador do amor de Cristo.

Essa é a boa nova. Nós colocamos o combustível errado em nosso motor e sofremos terríveis consequências. Mas Deus não diz: “Seu idiota. Eu te avisei.” Não! Em sua infinita misericórdia, Ele nos oferece uma revisão de motor e todo o combustível que precisarmos, e tudo isso gratuitamente. Ele não nos deixa afogar em nossos pecados, mas nos oferece a redenção. Tudo o que precisamos fazer, é ser como uma esposa, receber o seu grandioso dom. E assim, gradualmente, dia após dia, ter a nosso vida transformada por Ele.


Uma Questão De Fé  

Já que a distorção do relacionamento entre o homem e a mulher foi causada devido a negação de Deus, para restaurar o verdadeiro sentido da sexualidade humana é preciso realizar uma volta radical para Deus. Satanás tinha nos convencido de que Deus não nos amava, porém para sanar todas as dúvida, Deus veio e se fez um conosco, fez-se também na cruz um dom eterno para nós. 

Tudo o que precisamos fazer é perguntar-nos: Eu acredito no dom de Deus? Eu acredito no seu infinito amor por mim?

Viver a verdade sobre a nossa sexualidade é uma questão de fé. Nós acreditamos ou não no evangelho? Nós confessamos que Cristo veio para nos salvar do pecado e nos reconciliar com o Pai, contudo, isso pode ser apenas um simples recitar de nossas línguas sem muita atenção de nossa parte.

Pergunte-se: “Eu realmente acredito que Cristo veio para me salvar do pecado? Eu realmente acredito que com a ajuda da graça de Deus é possível superar minhas fraquezas, meu egoísmo, e minha luxúria, para que assim eu possa amar o próximo da mesma forma que Cristo me amou? Em outras palavras, será que eu realmente acredito que Deus é capaz de me redimir – até na minha sexualidade?"

Resistir as distorções pecaminosos do desejo sexual e viver de acordo com a verdade é uma árduo batalha, até mesmo para aqueles que possuem uma sólida formação. Essas dificuldades levam-nos ao coração da batalha espiritual (veja: Ef 6,12) a qual nós como cristãos necessitamos combater se quisermos resistir ao mal – o mal no mundo e o mal em nós – e amar o próximo como Cristo nos amou. Para vencer esta batalha é necessário fé, dedicação, comprometimento, honestidade, e sacrifícios. Mas, o amor não teme estas coisas, na verdade essa é a essência do amor.

De fato, os ensinamentos da Igreja sobre o sexo é um desafio. É o desafio do evangelho em si, o desafio de acreditar em Deus, pegar a nossa cruz e segui-lo. Sim, nos somos fracos. Por nós mesmos somos incapazes de vencer este desafio.   

Mas, a quem este desafio é dado? Ao homem e a mulher que permanecem escravos de suas fraquezas? Não! É dado ao homem e a mulher que foram libertos para o amor graças ao poder da cruz. Acreditemos em Cristo, o verdadeiro amor – sentido do nosso ser e da nossa existência – é possível! Isso é o que a Igreja nunca deixa de proclamar para cada homem e mulher.


O Plano Original de Deus: A Norma para o Sexo e o Casamento

Quando foi questionado sobre o divórcio, Cristo lembrou seus seguidores do plano original de Deus. “Moisés permitiu o divórcio, porque sois duros de coração. Mas não foi assim desde o início” (Mt 19,8). Devido a Cristo ter tirado o nosso pecado, Ele é capaz de restaurar o plano original de Deus como norma para o casamento e todas as expressões sexuais.

Isto significa que o sexo só é sexo, e o casamento só é casamento, quando é uma extensão e participação no amor de Deus, o qual é: livre, total, fiel e fecundo. Essa norma – o plano original de Deus para o amor antes do pecado – é a base para responder todas as questões e objeções que as pessoas fazem contra os ensinamentos da Igreja sobre a moralidade sexual e o casamento.

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[Fonte: Good News About Sex & Marriage, Answers to Your Honest Questions about Catholic Teaching]

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